29 de abril de 2008

As Empresas Precisam de Ídolos


É interessante como as empresas precisam de ídolos. Para que fique clara a idéia deste artigo, vamos considerar que ídolo é a pessoa a quem se tributa muito respeito e veneração; aquilo que é objeto de adoração, de paixão cega. Assim como na música e nas artes em geral, de tempos em tempos surge no mundo corporativo, mais precisamente no mercado editorial e de consultoria ídolos de momento.

Recentemente o livro “O Monge e o Executivo” transformou-se no best seller da vez. Desbancou o até então “insubstituível” livro de cabeceira “Pai Rico, Pai Pobre”. Mérito de seus autores.

Quando Daniel Goleman nos “brindou” com seus estudos sobre a inteligência emocional foi uma febre nos departamentos de Recursos Humanos das empresas. O mercado de consultoria então passou e multiplicar cursos e palestras sobre o assunto como se já o conhecessem há muito tempo. Alguns críticos até alfinetaram que muito dos escritos e idéias apresentadas pelo psicólogo americano nada tinham de novidade. O fato é que pegou! Até hoje tem gente escrevendo sobre o assunto nas mais variadas possibilidades. Só falta surgir a inteligência emocional na culinária organizacional. Quem sabe já existe?

Domenico de Masi foi o ícone da criatividade. Trouxe à baila o ócio criativo. Justamente no momento em que se bradava a necessidade maior criatividade para lidar com a concorrência e um mercado consumidor cada vez mais exigente. Muitas empresas pensaram em adotar suas teorias, mas na prática pouco se viu. O certo é que seus livros e palestras pipocaram no meio empresarial transformando-se em um estrondoso sucesso.

No mercado de palestrantes e conferencistas talvez tenhamos as maiores pérolas. Algumas delas são inesquecíveis, como pessoas que plantam bananeira, quebram tábuas, sobem escadas, se jogam ao chão, fazem mágicas e levam o público ao choro copioso através de histórias comoventes de superação. Tudo isso em nome da motivação dos funcionários. O fato é que, na maioria dos casos, os resultados continuam os mesmos.

Vale alertar que não sou contra todos estes tipos de manifestações. Acredito que há espaço para tudo isso. Há momentos onde o que vale é sensibilizar pelo absurdo. Quantas pessoas já tiveram o “insight” através de um livro de auto-ajuda ou mesmo uma palestra destas? Mas acredito também que se deve ter cuidado com a adoração aos resultados mágicos.

Quando lidamos com pessoas estamos falando de comportamento. Este comportamento que é desenvolvido ao longo da vida e que na fase profissional carrega uma série de valores, crenças e hábitos. O comportamento pode ser transformado, mas desde que se respeite este arsenal de experiências anteriores e, principalmente, os valores pessoais.

Para atingir resultados através das pessoas é necessário muito mais do que receitas. É preciso entender as pessoas. Por isso, faz-se necessário aprimorar o ambiente profissional, desenvolvendo as lideranças, aperfeiçoando a comunicação, respeitando as diferenças, recompensando de forma justa e, sobretudo, olhando para as pessoas como elas realmente são.

Quando buscamos ídolos estamos indo atrás da realização fantástica. Gasta-se uma fortuna e nem sempre se atinge o esperado. Quando queremos resultados é necessário fazer ajustes de expectativas e de ações. Sendo assim, o comprometimento desejado e os resultados esperados só aparecem quando alinhamos os interesses pessoais com os da organização, deixando de lado as soluções mágicas.

Para concluir, deixo uma frase do psicólogo Carl Jung que resume a idéia deste artigo: “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”.


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Artigo de Rogerio Martins
publicação autorizada
desde que citada a fonte e autor.

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